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O que significa ser um alienado?

Dada à polissemia (multiplicidade de significados), o termo alienação, entrou- a exemplo de um sem número de outros substantivos- para o “balaio” cotidiano de uma forma tão indiscernível que, no mundo contemporâneo, veia a gerar a síndrome da inutilidade funcional acelerada: o mal estar de ser/estar periférico aos acontecimentos do mundo em tempo real, a necessidade do opinionismo desvairado e a depressão residente na ordem do “valho o quanto sei”. Mas afinal: o que é ser um alienado?

Dentre os significados do termo alienação, podemos pensá-la sobre duas perspectivas: a primeira, segundo Marx, a compreende como o processo de afastamento da real natureza do indivíduo de “si para si”, à medida em que os objetos que produz (bens ou serviços) adquirem uma existência alienada (ou seja, fora de seu âmbito de domínio) e, portanto, contrária a seus interesse- à essa, podemos chamar de teoria econômica da alienação.

Contudo, vindo antes de Marx, Hegel talvez possa nos dar uma pista melhor acerca do termo alienação contextualizada aos dias atuais. Segundo o filósofo alemão, alienar-se corresponde ao processo de afastamento real da natureza consciente- em outras palavras: o indivíduo tornar-se-ia, nessa ótica, a estranho a si mesmo. O que isso significa? Segundo essa perspectiva, “estar fora de si” torna-se uma condição auto imposta, um auto abandono. Inversamente ao que se propõe hoje, alienado seria aquele a julgar-se por aquilo que sabe- e não pelo que ignora; aquele a quem é oportunizado e não aproveita; ao que procura milagres ao invés de soluções que dependem apenas de si; àquele que tendo o que dizer não o diz, que tendo acesso se omite- que podendo ajudar, abandona. A psicanálise, por sua vez, encontra no objeto a lacaniano o inalcançável; um excedente do gozo que se relaciona com a angústia, a falta, o fantasma, o desejo e o outro.

Sob esse olhar, minha reflexão de hoje é: não se preocupe em saber tudo, aumente seu repertório intelectual gradativamente mas, antes de perder-se no “vir a ser” da existência, ocupe-se de fazer melhor aquilo que você já conhece e, aprofunde-se sistematicamente na análise: são nos dramas do inconsciente que residem as angústias da alienação.

João Paulo Severo da Costa.
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