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Winnicott- Sobre a Relação da Criança com a Mãe

Por Arthur de Oliveira Gonçalves

          O ser humano traz em si a tendência de desenvolvimento e maturação. Assim, a saúde psíquica se estabelece no livre desdobramento desse processo. Para Winnicott, o ambiente, que é representado primeiramente pela mãe (ou por quem faça o papel desta), é quem facilita ou entrava este desenvolvimento. (NASIO, 1995) Comumente, neste período há uma estreita relação entre a criança e sua progenitora. Relação esta que tende impulsionar a mãe a adaptar-se às necessidades do bebê. “Em especial, podemos aprender a avaliar o papel da mãe nos primeiros tempos, quando as relações do bebê com a mãe transitam das puramente físicas para aquelas que se opera um encontro do filho com a atitude materna, e o puramente físico começa a ser enriquecido e complicado por fatores emocionais.” (WINNICOTT, 1982. p. 269)

          Winnicott denominou como “desenvolvimento emocional primitivo” este processo de maturação da criança. Esta teoria tem como base três pontos: em um lado, a hereditariedade; em outro, o ambiente; e no meio, a própria vida do bebê. Na hereditariedade, as tendências são inatas. Ao nascer, o bebê traz uma carga hereditária que pode encontrar um ambiente suficientemente bom ou não. Entre o elemento hereditário e o ambiente está a criança, que depende da mãe para sobreviver e organizar sua vida. Pode-se dizer que estas carências são fisio-psicológicas, pois o bebê é totalmente dependente dos cuidados maternos para a satisfação do seu organismo, que consequentemente conduz à satisfação emocional. 

          O bebê tem um ego ainda em construção; por isso, ele é apoiado pelo ego da mãe, processo chamado por Winnicott de holding. Neste sentido, oholding inclui especialmente o aspecto físico do lactente. Para Winnicott, o holding físico é, possivelmente, a única forma em que o infante sente o amor da mãe nos primeiros meses de vida. “Há aquelas que podem suster um lactente e as que não podem; as últimas produzem rapidamente no lactente uma sensação de insegurança e um chorar nervoso.” (WINNICOTT, 1983, p.49)

          Quando os cuidados maternos “não bons” causam este tipo de sofrimento na criança, estabelece-se uma situação de trauma. O bebê tende a se desorganizar psiquicamente e sua evolução psíquica pode não ser restaurada com facilidade. Desta forma, reafirma-se a importância do papel materno no desenvolvimento da criança.

REFERÊNCIAS

NASIO, J.-D.Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.

WINNICOTT, D. W. A criança e o seu mundo. Trad. Alvaro Cabral.6. ed.Rio de Janeiro: Editora LTC, 1982.

WINNICOTT, D. W. O Ambiente e os Processos de Maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Trad. Irineo C. S. Ortiz. Porto Alegre: Artmed, 1983.

Arthur de Oliveira Gonçalves – Psicanalista
E-mail: arthuroliveigo@hotmail.com

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