Comparo o inconsciente à pérola e nós humanos à ostra. Tudo que está depositado nele é o que nós faz sofrer. Sendo assim, lançamos para lá os nossos conteúdos traumáticos a fim de nos defendermos e sobrevivermos perante à vida. 

O magnífico escritor Rubem Alves descreve muito bem em seu livro entitulado  “Ostra Feliz não Faz Pérola”, onde ressalta que a ostra, para fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo, a ostra diz para sim mesma: “preciso envolver essa areia pontuda que me machuca com uma esfera lisa que tire as pontas. Ostras felizes não fazem pérolas. Pessoas felizes não sentem necessidade de criar. O ato do criador, seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor”.

O inconsciente é constituído de tudo aquilo que é desconhecido e nos causa muita dor e sofrimento. Neste reservatório pulsional está o material a que não conseguimos olhar, lidar ou aceitar, afinal, o contato com ele foi em uma época de tenra idade, em que a maturidade era inexistente. Isso nos impediu de ter um entendimento e uma vivência melhores com a dor e a frustração. A vida vai passando e a necessidade de curar estas feridas vão apresentando sinais de que há algo errado, e isso é percebido com os sintomas que vêm e querem vazão, explicação e o mais importante: uma escuta acolhedora de nós mesmos. É dar um novo significado ao que nos aprisiona e impede de viver o novo.

A ostra, para curar a dor, produz a pérola. E nós, seres humanos, produzimos o quê?

A psicanálise é a cura pelo amor.

Estamos preparados e conscientes para transformar as nossas dores em amor?