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“Espelho, Espelho Meu!!”

Por Gislaine Zanella

Que objeto resta para amar, senão a si mesmo?

Freud introduz o termo Narcisismo na psicanálise trazendo a ideia de que todos nós amamos a nós mesmos. Nos tratamos como objetos de amor. Um modo particular de vivência da sexualidade na qual o indivíduo trata o próprio corpo como um objeto sexual, ou seja, como se fosse o corpo de outra pessoa. Este processo ocorre quando o indivíduo ainda bebêcomeça a receber informações a respeito de si mesmo com base na visão dos que o cercam. O olhar dos pais, por exemplo, costuma ser de adoração, com diversas expectativas para a vida desta criança.

Engloba a relação de amor que todos os seres humanos possuem com a imagem idealizada que projetam de si mesmos. A formação desse Eu ideal aumenta as exigências do ego, constituindo o que Freud chama de fator poderoso a favor do recalque. O eu (ego) aspira reencontrar a perfeição e o amor narcísico, mas para isso precisa satisfazer as exigências do ideal do eu. A partir daí, só é possível experimentar através do outro. O Eu representa, portanto, um reflexo do objeto.

É fundamental perceber que existem aqueles que colocam o narcisismo no centro de suas vidas e outros que não fazem isso. Importante, porém, é termos a clareza que todos nós somos narcisistas em alguma medida. No entanto, caracterizamos patológico aquele, principalmente, que vive tomando seu próprio eu como ponto central de referência. Este, portanto, tem dificuldade para pensar nas necessidades e interesses dos outros, pois está sempre mergulhado em perguntas e respostas que denunciam o quão autocentrado ele éAfinal, quem precisa dos outros quando se tem a si mesmo?Muitas vezes é o narcisismo o responsável por destruir o nosso amor-próprio. Com efeito, como consequência em nome desse amor ao Eu ideal, podemos nos envolver em situações, relacionamentos e atitudes profundamente autodestrutivas. 

Ao contrário do que podem transparecer, que se imagina e do que dizem por aí, o narcisista é inseguro e no fundo se acha insignificante. Trata-se de uma defesa. Uma defesa frente a uma decepção amorosa que aconteceu muito precocemente, onde o indivíduo ainda não dava conta de suportar sofrimento. Narcisistas são, portanto, pessoas feridas. Possuem feridas abertas, que por vezes, em carne viva.

A marca central do narcisismo é um desespero que brota do olhar fixo e constante da própria imagem. Há uma exagerada preocupação com a aparência e por muito, pequenos defeitos físicos são intensamente valorizados. Apresentam uma necessidade extrema de serem amados e admirados, buscam por elogios e se sentem inferiores e infelizes quando criticados ou ignorados. Possuem pouca capacidade para perceber os outros, levando a vida emocional superficialmente. Traços como exigência pela perfeição do outro, arrogância e destruição do ego alheio também são características desse desvio.

Narcisismo é a base fundamental do Eu de todo ser humano.

Somos narcisistas em alguma medida, amamos o nosso ego, amamos a nossa imagem.

Gislaine Zanella – Psicanalista

Instagram: @saudemental_psicanalise

4 respostas

  1. Boa tarde, gostei muito do texto, realmente somos todos um pouco narcisos. Minha consulta é se esse traço pode ser visto somente em uma área, ex : (área laboral, no trabalho) . me explico: Pessoas que acreditam serem autossuficientes no trabalho, se não tem a atenção que acreditam merecer, ficam descompensadas. Se erram, sempre a culpa é do outro, e nunca reconhecem que eles também erram. Mas quando sai bem o serviço, dai sim é por eles que assim foi.
    Essa atitude repetida no tempo, pode ser considerada narcisismo ou temos que analisar a vida na orbita privada também, para poder enquadrar nessa categoria.?

    Att.

    Enrique Piñeyro

  2. Parabéns Gislene pelo trabalho de excelência e por ajudar tantas pessoas a se reencontrarem. Deus abençoe esse trabalho tão importante de desvendar os mistérios da mente humana.

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