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Psicanálise, psicanalista, setting analítico: breves palavras

Por Valéria Maria

Os processos em setting analítico são percursos cheios de fulgor, de imensidão. É um caminhar que no primeiro olhar parece um lugar da dificuldade e de sofrimento (e o é), mas, que olhando a dois podemos encontrar a beleza das transformações de enfim chegarmos ao sujeito que nos habita.

O desejo e a escolha em ocupar o ofício de Psicanalista têm a ver com esse olhar que se dá numa relação dialética da escuta aberta em livre associação. O psicanalista precisará suportar a imensidão do outro e saber-se no processo de transferência e contratransferência, saber-seno desejo de sustentar o analisando no doloroso e amoroso processo de produção de conhecimento de si.

Desta maneira, podemos entender que a ocupação do ofício não tem a ver com glamorização ou reconhecimento, mas sim, tem a ver com se entregar a uma relação humana amparada e dinamizada pelo tripé: análise, teoria, supervisão, como firmou Freud. Um psicanalista não deverá ser indiferente às vozes de seus analisandos e também precisará estar atento para não se deixar seduzir pelas vozes, que por vezes, podem ser um canto de sereia. Por isso, a importância de se manter no tripé. Todo analista só poderá levar a análise até onde foi a sua.

A psicanálise é uma artesania feita a quatro mãos, dois inconscientes. É nesse tecer, onde está imbricado todo um devir que podemos vislumbrar um analista, que de alguma maneira, convoca o analisando a pensar algo que ele não pôde pensar antes, o analista que por meio dos significados intuiu os significantes, assim o analisando vai esvaziando sentidos, construindo outros, reduzindo o sentido dos sintomas, apontando para uma queda do sentido do gozo.

O setting analítico é sem dúvida o espaço seguro para se estabelecer uma comunicação que transforme a dolorosa viagem do analisando até o encontro consigo mesmo, para isso é fundamental a atenção à transferência. O psicanalista recebe, escuta, acolhe, não interfere, mas cria condições para que o analisando possa ser honesto consigo próprio, permite que o analisando fale sobre si, proporcionando-lhe liberdade. No setting analítico psicanalista e analisando, juntos, suportam o processo.

O percurso psicanalítico é um devir à sublimação dos conteúdos, que possibilitará não mais haver transformação contrária, possibilitará o não retorno. Analisandos terão movimentado os recalques de determinados conteúdos. No seting analítico a ideia não é mudar o analisando mas sim, diminuir as resistências, possibilitando a liberdade do sujeito de expressar quem ele é verdadeiramente por meio da fala. A cura é por meio da fala.

Psicanalista em VM Psicanalise Itajaí (SC) e Escola de Psicanálise em Curitiba (PR), Atriz no Grupo Porto Cênico e Professora na Universidade do Vale do Itajaí (SC).

Instagram: @vmpsicanalise
Whatsapp: (47) 99963-6530

9 respostas

  1. “…olhando a dois podemos encontrar a beleza das transformações de enfim chegarmos ao sujeito que nos habita….”
    Lindo, maravilhoso ler seu artigo e mais ainda, saber que contínuas ativa, inteligente, diligente. Te conheço desde adolescente, na proteção da D. Adélia, diante do encontro do rio com o mar, com a paisagem da vida exuberante oferecida do sol e da lua, oferecendo um novo mundo a cada dia. Sempre acreditei no teu talento. Viva a vida pensante.
    Parabéns! Um grande abraço com um um nesse rosto lindo.

  2. Na VM Psicanálise a gente vê na prática isso. É excelente ! Parabéns ! A Psicanálise é muito interessante e fazer terapia é muito importante para se viver no mundo que vivemos.

  3. Ótimo texto para se entender essa relação, entre analista e analisando, e suas possibilidades. Parabéns, Vale!

  4. Ótimo texto, Vale! Conteúdo necessário, e explicativo. A cura certamente se dá através da fala! Parabéns pela trajetória, Vale!

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