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Relato de um percurso

Por Claudia Regina Machado Bertholdo

Fazia muito tempo que não me sentia em paz por estar justamente em paz comigo mesma. E estar em paz não significa estar sem problemas, sem angústias ou sem qualquer tipo de perrengue. Estar em paz é justamente estar consciente de que tudo isso faz parte e tudo bem. De que há altos e baixos, mas tudo bem. De que tem dias em que ando perambulando e só pensando em comer todas as coisas que encontro pela frente, principalmente após alguma situação gatilho ou sentimento mal resolvido, e tudo bem. Porque vai passar, porque faz parte. E eu dou conta.

Por muito tempo minha maior angústia era justamente não conseguir lidar com a angústia. Falta de autoconhecimento, não saber respeitar meus limites justamente por desconhecer quais eram esses limites. Vivendo numa montanha russa de emoções sem botão de emergência. Ou como “uma batedeira sem botão”, definição de turbulência emocional que encontrei recentemente em uma música do Marcelo Jeneci e Laura Lavieri “Pra sonhar”.

Tá mas, como isso é possível? Análise meus amores, muita análise. Não trago promessas de cura, de resolução dos problemas ou a volta do ser amado em três dias. Mas posso garantir que, pelo menos para mim, esse processo de ter um espaço para falar, para refletir, sem julgamento, sem medo, tem sido transformador e libertador.

Sei que nem todo mundo consegue, nem todo mundo tem acesso, que talvez a caminhada possa no início parecer muito mais dolorosa do que o lugar conhecido que você já ocupa na inércia emocional em que você se encontra, na zona de (des)conforto que você ocupa e que por já ser conhecida, parece ser mais tolerável, mais segura.  Mas há um mundo inteirinho a ser descoberto ai dentro de você, pode confiar. Dói? Sim. Assusta? Também, certamente. Mas alivia, ah como alivia. E traz uma satisfação inenarrável. De estar consciente, de saber o que está se passando do lado de dentro sabe? Se a cura é possível? Acredito que sim. Não essa que muitos procuram de forma rápida e indolor. Mas uma cura gradual e duradoura, é possível, pode ter certeza.

Claudia Regina Machado Bertholdo
Estudante de psicanálise
claubertholdo@gmail.com

7 respostas

  1. Excelente texto, Cláudia! Representa exatamente o sentimento de cada um de nós que inicia neste percurso psicanalítico. Obrigado por compartilhar suas percepções conosco.

  2. É isso mesmo Cláudia, ótimo texto .E falou muito realmente do que vamos passando no decorrer do curso ,tantas descobertas e alívio, ao entendermos que está tudo bem , em pontos em que nos culpavamos tanto , acredito que parte dessa cura seja tirar o peso daquilo que pode ser leve , por isso a cura não ser imediata, porque a cada dia vamos aprendendo o que podemos deixar mais leve .

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