Winnicott - Sobre o Desenvolvimento Psíquico Infantil
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Por Arthur de Oliveira Gonçalves
Quando se fala sobre saúde psíquica na psicanálise, há sempre uma exploração dos processos que ocorreram na infância do indivíduo. Dentre as experiências em que o ser humano tem em sua trajetória, muitos registros que perpassam pelo inconsciente/consciente ocorreram nos primeiros anos de vida. Isto é comprovado, sobretudo, no próprio setting analítico, pois,em inúmeros relatos de casos clínicos no decorrer dos anos, o ato da livre fala não tem escapado de lembranças e pequenos insights relacionados à tenra idade. Em razão disso, alguns estudiosos da psicanálise se ocuparam em pesquisas direcionadas ao desenvolvimento psíquico das crianças. Um destes foi o pediatra e psicanalista inglês Donald Woods Winnicott (1896 – 1971).
Dentre suas abordagens, Winnicott estudou o campo do desenvolvimento psicológico humano – maturação. Seu trabalho foi marcado por vários pontos, em especial, a influência do ambiente no desenvolvimento do psiquismo humano. Ele defendia que o ambiente não é “uma entidade sociológica ou ideológica, mas corresponde às pessoas (ou pessoa) que se ocupam efetivamente da criança”. (FULGENCIO, 2016, p. 101-102)
Para Winnicott, a criança passa por duas fases dentro dos dois primeiros anos de vida: a dependência absoluta e adependência relativa. A primeira fase vai do nascimento aos seis meses e, a segunda, dos seis meses ao segundo ano. Na fase da dependência absoluta, a criança está em um estado de total dependência do meio. Para o bebê, ele o meio são uma coisa só. Por isso, o infante depende inteiramente do mundo que lhe é oferecido pela mãe. O papel do meio é prover ao bebê um livre decurso do processo de maturação.
A contribuição da psicanálise para a compreensão psíquica humana com base na realidade interna mostra-se muito importante. Entretanto, Winnicott propõe uma visão mais ampla. A realidade externa exerce um papel fundamental no processo de evolução psíquica. “A ênfase dada, inicialmente, à maneira como a realidade externa era representada e elaborada pela criança constituindo a realidade interna, mostrou-se como um importante fator para a compreensão das organizações e dinâmicas psíquicas dos indivíduos, seja na saúde seja na patologia. No entanto, essa ênfase também acabou por obscurecer a importância dos efetivos determinantes externos no processo de desenvolvimento emocional dos indivíduos.” (FULGENCIO, 2016, p. 101-102)
Em seus atendimentos, Winnicott observou a relevância do ambiente externo para compreender determinados tipos de patologias. Suas conclusões indicam que,quando há falhas nesta instância, o tratamento de determinada enfermidade é comprometido. Neste sentido, seu foco visa explorar quais os aspectos ambientais disfuncionais que acometem o infante e que, em certo grau, dificultam um desenvolvimento saudável. Corrigir falhas que se apresentam na realidade externa do indivíduo é tão importante quanto atentar-se à realidade interna. “De modo geral, para Winnicott, quanto mais grave a patologia maior é a importância do ambiente na compreensão de sua gênese e na aplicação de um tratamento.”(FULGENCIO, 2016, p. 101-102)
REFERÊNCIAS
FULGENCIO, Leopoldo. Por que Winnicot?. São Paulo: Editora Zagodoni, 2016.
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E-mail: arthuroliveigo@hotmail.com
Ótimo texto. Esclarecedor!
Ótimo texto.
Obrigada! Me norteou um pouco irei fazer um trabalho com este tema.
O trabalho de Winnicott merece destaque a quem estuda psicanálise, em especial a clínica com crianças.